Livros juvenis, histórias e uma malga de sopa

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Já muito se tem afirmado e escrito sobre a importância do livro. Ainda o ano passado partilhei convosco alguns livros e autores que me marcaram ao longo do tempo. É certo que a cada dia que passa lemos novos escritores. Alguns  passamos a admirar e assim vamos ampliando o nosso conhecimento.  Penso que o segredo de se gostar de livros está na abordagem que se teve ao livro enquanto criança, apesar de achar esta afirmação um pouco discutível. Conheço pais que leem com os filhos desde a primeira infância e que afirmam que este facto ajudou os  filhos a encarar o livro primeiramente como um prazer e mais tarde como  uma fonte de conhecimento. Conheço também pais, e não referi a questão do estrato-social por não gostar de associar a instrução e a situação económica das famílias ao gosto pelos livros, que nunca motivaram os filhos para a leitura e, no entanto, estes viram na escola o estímulo para ler que lhes faltava. Alguns destes miúdos vejo hoje  a ler nos intervalos, sentados nos bancos dos corredores das salas, ou mesmo às escondidas durante a aula. Requisitar livros nas bibliotecas continua a ser uma possibilidade e a oferta é diversificada, através das  bibliotecas itinerantes ou das fixas. Ainda me lembro da carrinha-biblioteca que passava pela minha freguesia, quando era criança e adolescente. O motorista parava e pacientemente abria a porta, que escancarava com um som metálico, para os que quisessem entrar. E ele ficava ali paciente, envolto pelos companheiros de muitas horas, os livros, à espera que nós chegássemos para os devolver ou ir buscar.

1958 Biblioteca Itinerante_thumb[4]
imagem retirada daqui
Costumava até haver divulgação na televisão açoriana dos anos oitenta sobre os locais e as horas da passagem da carrinha. Acho que foi a primeira vez que ouvi falar de Calouste Gulbenkian. À conta deste pormenor, recordei a chatice que era, tendo nós açorianos um só canal de televisão,   esperar que a informação sobre o movimento marítimo dos navios da Transinsular entre as ilhas e a capital terminasse, que os filmes que se encontravamem exibição nos diferentes cinemas e teatros das cidades e vilas açorianass e a programação de todas as farmácias de serviço das localidades fossem divulgados. Havia tempo, calma e paciência para estas informações encadeadamente enfadonhas. Havia tempo para os livros. Ou melhor, existia uma pausa no tempo para os livros.

Os meus filhos, nascidos já na era digital, sentem um grande apelo pelas tecnologias. Mea culpa? Não creio. Vejo este facto como uma consequência social. Eu sempre  gostei de ler, li e tenho lido. A leitura também contagia, daí o exemplo ser importante.  Felizmente, deparo-me muitas vezes com a minha filha de 4 anos a “ler” os seus livros deitada no chão do quarto, sem que tenha havido uma imposição, e vejo o meu filho pré-adolescente com livros amontoados na mesa de cabeceira. Sem que ele se aperceba, espreito o marcador de páginas e reparo que se vai movendo a bom ritmo. Fico tão contente quando ele me diz: Mãe, já acabei mais um livro, ou quando, como esta semana, ao entrarmos numa livraria local me pediu que lhe comprássemos um livro que tinha escolhido. Acedi, claro. Já se fosse um jogo para a Playstation 3 não o teria feito tão prontamente. Mas custou-me dispender aquele dinheiro. Reorganizei então a minha lista de prioridades neste tempo de crise e senti-me bem com isso.

Não se pode negar, no entanto,  que não hajam  livros capazes  de nos conduzir ao tédio e ao bocejo. Perante estes, só há uma coisa a fazer: voltar a colocá-los na estante e escolher outros.

A estante do meu filho mostra o que ele já leu e o que ainda falta ler. Tudo a seu tempo e ritmo. A leitura é inimiga da pressa.

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A coleção Génios do Mundo é um bom exemplo de livros que motivam à leitura e ampliam a cultura dos jovens.
O meu filho decidiu ler este intitulado Sócrates, como livro de leitura recreativa a ser apresentado à turma. Ele próprio me disse que como a professora tinha acabado de falar de biografias que o achava indicado. Concordei, claro.

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Tal como um bom livro, há certos pratos que nos confortam: uma malga quente de sopa, por exemplo.

Sopa de Endívias e Chourição_foodwithameaning

Ingredientes para 6 tigelas

2 endívias
1 courgette
1 batata doce
1/2 cebola
2 cenouras
6 rodelas de chourição fatiado
água
sal
azeite
crème fraîche

Preparação


Num tacho, fiz um leve refogado à cebola. Adicionei a courgette, a cenoura e a batata doce aos pedaços e deixei refogar mais um pouco. Junte a água e as endívias em folha. Temperei com sal (pouco), adicionei o chourição e deixei cozer.
Depois de cozido, triturei a sopa até ficar um creme sedoso.

Na altura de servir, coloquei em cada tigela uma colherzinha de crème frâiche, o que conferiu um toque ainda mais saboroso.

sopa de endívias e chourição_foodwithameaning

E hoje já me alonguei demasiado.

Que o fim de semana seja bom!

Patrícia

4 Replies to “Livros juvenis, histórias e uma malga de sopa”

  1. Os meus pais sempre leram muito, quando eram novos e eu sou uma papa-livros. Se tivesse tempo, acho que ler era uma das minhas prioridades. Assim tenho que me ir contentando com o fim de semana, para colocar a leitura em dia, ou uns minutinhos durante a semana :p

    Essa combinação de sopa nunca me ocorreria!

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  2. Para mim é um dos prazeres maiores: ler um livro! Acho mesmo que só consigo a abstracção de tudo o que me rodeia se estiver a ler, ou a …. cozinhar! Imagina quando leio livros de culinária 😉
    Bela sopa!

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  3. Olá Patrícia, gostei do novo visual do blog 🙂
    Ler um livro é para mim um prazer e um conforto, quase como uma sopa quen te no Inverno. Desde pequena que sempre li muito, ia buscar à biblioteca. Hoje tenho pouco tempo, mas não dispenso um bom livro à cabeceira e na mala das férias, livros de culinária que contam histórias também.
    Bom fim-de-semana. Beijinhos.

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  4. Olá Patrícia,
    Eu sou do tempo da biblioteca itinerária e foi quando comecei a ler (algo masi que os livros da escola, claro), foi quando a carrinha da biblioteca itinerária da CM Oeiras começou a ir ao meu bairro. Descobri os 5, os 7 e mais sei lá o quê. Adorava, assim como adoro esta magnífica sopa!
    Beijinhos e resto de excelente Domingo,
    Lia.

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